CARIDADE CRISTÃ NÃO É
SOLIDARIEDADE HUMANA
'CARIDADE CRISTÃ' NÃO É...
'SOLIDARIEDADE HUMANISTA'
Assim como não devemos, jamais, confundir cordeiros com cabritos, ou ovelhas tresmalhadas com lobos vorazes, assim mesmo nunca devemos confundir a verdadeira Caridade Cristã com a mera 'solidariedade humana' e, pior ainda, com hipocrisia pessoal e social.
O Amor Cristão coloca Deus sempre 'acima' de tudo e de todos, e só por arrastamento e consequência directa (virtude própria e partilhada) estende-se ao próximo, tanto ou mais como ou que a nós mesmos.
Poderemos simbolizar a Caridade Cristã - intrínseca do Amor de Deus - como um copo de água que, uma vez cheio, transborda para fora, ou seja, para tudo e todos os que o circundam, ou que mais carecem de ajuda, de compreensão, de apoio, de dedicação, a todos os níveis, mas em especial, ou prioritariamente, os que são do âmbito moral e espiritual, precisamente aqueles que comandam tudo o mais, que superam imensamente as demais carências e afinidades, pois são realmente de carácter eterno.
Seria deveras insensato, ou malvado, aquele agente de saúde que, perante uma vítima politraumatizada, em que foram afectados gravemente vários órgãos internos e externos, começasse o tratamento pelos órgãos ou membros menos atingidos, menos essenciais à vida, pondo assim gravemente em perigo a salvação corporal do doente acidentado.
Do mesmo modo, quando um cristão encontra uma pessoa gravemente doente, em perigo de morte iminente, deve primeiramente assegurar-lhe a saúde da alma -- no caso dos católicos em particular, através do Sacramento da Extrema-Unção, ou pelo menos, não sendo isso possível e em casos gerais, através do simples apelo ou súplica visando a contrição/conversão espiritual --, e só depois dever-se-á tratar da saúde do corpo, caso não possam ser simultaneamente ambos os 'tratamentos', claro.
Por outro lado, quem tenta praticar a 'Caridade cristã' (não conheço outra), sem as devidas condições -- como, por exemplo, sem coerência, sem humildade, sem espírito cristão, etc. --, fará tudo menos Caridade, pelo que muito pouco ou nenhum valor terá a sua humanista e presunçosa 'boa acção'...
De facto, há inúmeras pessoas que, infelizmente, tentam ser bastante 'caridosas' numas coisas, mas noutras fazem precisamente o contrário, mostrando assim grande hipocrisia.
Como, por exemplo, todas aquelas pessoas que em certos cataclismos naturais ou em atentados e acidentes artificiais, em que morrem muitas pessoas (sobretudo pessoas inocentes), simulam muita compaixão e solidariedade, mas são, entretanto, a favor do 'aborto' e da 'eutanásia'...
Porventura, em que é menos humano, ou com menos direitos de protecção e segurança, um Nascituro, um Ser humano ainda não nascido, em relação a outro acabado de nascer ou já na velhice?
Bem pelo contrário, não necessita o Nascituro, em pleno período de gestação e desenvolvimento (tal como todos nós já fomos), de ainda mais rigorosos e especiais cuidados, sobretudo atendendo a que é o ser humano precisamente mais indefeso e inocente?
Analogamente, há tanta gente que é contra a violência em relação aos animais, e que até pertence a associações zoológicas de protecção, mas no entanto é a favor do 'aborto provocado', da 'eutanásia activa', assim como da ''inseminação artificial' e da 'procriação medicamente assistida', em que são destruídos dezenas ou centenas de embriões.
Aonde está a coerência, a honestidade, a recta intenção, o altruísmo, etc, nestes imensos e aberrantes casos desumanos, de que enferma a nossa sociedade e a cultura a nível mundial?
Não chamemos a isso 'civilização', nem sequer 'evolução', pois trata-se dum autêntico e trágico retrocesso cultural e civilizacional.
Tais comportamentos (des)humanos nada têm a ver, tão-pouco, com a modernidade, com a ciência humanista, com a democracia, com a liberdade de consciência, ou até mesmo com o 'livre-arbítrio' (concedido por Deus Criador), pois constituem um franco e grave atentado à dignidade humana, aos mais elementares direitos humanos, assim como às leis da Natureza (para já não falar na Lei de Deus), etc.
E por isso mesmo, estão completamente errados ou equivocados aqueles que pensam ou presumem que a liberdade individual ou de consciência, política ou científica, cultural ou progressista, é fundamental ('valendo tudo justificadamente'), pois que, segundo eles, para os 'crentes' liberais e modernistas, isso mesmo corresponde aos desígnios do Criador -- que tudo permite, que tudo tolera e aprova, pois que, segundo eles, Deus ('caso exista') é 'só' Misericórdia' (e jamais Justiça) --, e para os incrédulos e ateus tais procedimentos individuais ou colectivos, por mais aberrantes ou degradantes que sejam, correspondem às caprichosas leis da Natureza, e deste modo não haverá nada a fazer, 'acabando tudo com a morte'...
Concluindo e resumindo:
1. Se somos Católicos, devemos agir em tudo em estrita conformidade, tanto quanto possível, com a Palavra de Deus e com a Doutrina oficialmente católica, assim como com a suprema Lei de Deus, por mais difícil que isso seja.
Não há católicos de primeira, segunda ou terceira, e nem sequer deveria haver católicos 'tradicionalistas', 'conservadores', 'progressistas', e muito menos ainda 'não-praticantes'...
2. Se somos simplesmente Evangélicos (cristãos não-católicos), devemos agir de acordo com a mesma e única Palavra de Deus, sem qualquer distorção ou negligência evasiva.
Todos os protestantes devem ser coerentes e rigorosos naquilo que têm em comum (que é a Sagrada Escritura), analogamente aos católicos, por mais que isso lhes custe, respeitando as demais confissões cristãs...
3. Se somos meros pagãos, agnósticos ou ateus, devemos comportar-nos estritamente em conformidade com a Lei natural e universal, nossa e de todos os seres criados, inscrita intimamente em todos e tudo, segundo a recta consciência de cada um, segundo a espécie de cada qual.
E sobretudo, nunca devemos descer abaixo dos irracionais, quer em dignidade humana, quer em respeito pelo próximo, ainda que pensemos que tudo acaba com a morte física (alegadamente tanto para o melhor justo como para com o pior criminoso)...
Finalmente, quando Jesus disse, ou virá a dizer (no Juízo particular ou final):
"Sempre que destes de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, agasalho aos nus e friorentos, alojamento aos sem-abrigo, carinho e atenção aos presos, assistência e conforto aos doentes, (etc), foi a Mim que o fizestes"...
Ele, único, supremo e justíssimo Juiz, quis também dizer, evidente e logicamente:
"Sempre que fizestes isso (através dos irmãos mais carenciados e marginalizados) por Meu amor, antes de tudo o mais, foi como se realmente o tivésseis feito a Mim próprio, de acordo com a Minha Lei" -- ou seja, em total verdade, rectidão, fidelidade, dedicação, humildade, coerência, discrição, etc...
Portanto, tudo o que fugir destes sagrados parâmetros, deste requisitos imprescindíveis (traçados por Deus), não é verdadeira Caridade Cristã -- não se funda no verdadeiro Amor de Deus --, e como tal será julgado e rejeitado, e como o joio será lançado ao fogo...
Daí, haver realmente, em pleno Juízo final, a designação simbólica de 'ovelhas' e de 'cabritos', aquelas representando os justos e convertidos, e estes os pecadores obstinados, que deliberadamente rejeitaram a Deus, directamente ou através dos irmãos, ainda que hipocritamente se tivessem feito passar por cordeiros, por cristãos fiéis, mas por dentro comportando-se como autênticos lobos traiçoeiros...
José Mariano
(N. E. C.)